primícias poéticas: maio 2008

primícias poéticas


quinta-feira, maio 22, 2008

vão-se os acessórios, a Poesia fica


os óculos de Drummond,
foram furtados por quem?
alguém que queria o dom
de poder olhar além?

furtam um, furtam dois, três,
podem até furtar cem,
mas não será desta vez
que eles hão de ver tão bem.

o sentimento do mundo,
nem na armação, nem na lente,
está no viver profundo,
com o olhar bem lá na frente.

eis que vão-se os acessórios,
mas a Poesia fica.
dentre os feitos mais notórios,
só o amor nos edifica.

de bronze, de prata ou de ouro,
toda estátua um dia cai.
mas o amor, este tesouro,
ninguém jamais o subtrai.



foto: por Ricardo Leoni
vide verso:
matéria sobre o furto dos óculos

da lapela de octavio roggiero neto às 10:38 PM | 2 poetas-leitores

o dia acabado

os cabelos em açoites
ondulam soltos ao vento...
silhueta de minhas noites,
dos meus dias, pensamento.

não vês que tenho o olho ardido
de não piscar um instante,
vidrado no indefinido,
flertando-te, sombra errante?

por que então não te revelas
em meu noturno abandono,
enquanto, acesas as velas,
atento, resisto ao sono?

reconsidero a visão
desta distância infinita:
só em minha imaginação
recebo tua visita.

e quando tudo já escuro,
vejo, livre de consciência,
tão nítido o que procuro:
teu lindo corpo de ausência.

e é com ele que me deito,
muito exausto e extasiado.
eis que o sonhado foi feito...
...começo o dia acabado.

da lapela de octavio roggiero neto às 12:46 AM | 1 poetas-leitores


segunda-feira, maio 19, 2008

lar doce lar

depois de um dia de lida,
seu sorriso me conforta:
tudo o que espero da vida
tenho aquém da nossa porta.

da lapela de octavio roggiero neto às 7:27 PM | 2 poetas-leitores


sexta-feira, maio 16, 2008

noturno

a insônia escrevendo um verso,
os olhos fixos no nada,
a janela pro universo,
os grilos da madrugada.

da lapela de octavio roggiero neto às 11:58 PM | 0 poetas-leitores


segunda-feira, maio 12, 2008

corações siameses

um afeto nos grudou
desde o dia do começo:
só contigo sei quem sou;
sem ti, não me reconheço.

da lapela de octavio roggiero neto às 12:48 AM | 4 poetas-leitores


domingo, maio 11, 2008

mineirice

o nosso amor aproveito
quietinho, só no bem-bão,
deitado sobre o teu peito,
ouvindo o meu coração.

da lapela de octavio roggiero neto às 12:20 PM | 0 poetas-leitores


sábado, maio 10, 2008

céu do papel

noite de tanto rabisco,
que em sinais já se insinua:
ver estrela no asterisco,
no parêntese, ver lua.

da lapela de octavio roggiero neto às 1:07 AM | 0 poetas-leitores


quarta-feira, maio 07, 2008

O avesso e o verso - Múcio L. Góes

O avesso e o verso é o título da obra que será publicada pelo poeta Múcio L. Góes, na solenidade de lançamento que ocorrerá no dia 16 de maio de 2008, às 18h32, na Nossa Livraria (antigo Livro Sete), que fica na Rua do Riachuelo, 17 – Boa Vista, em Recife – PE.

Quem não puder comparecer e quiser adquirir um exemplar, é possível a encomenda com o próprio autor pelo seguinte e-mail: oavessoeoverso@terra.com.br

vide verso: traversuras

da lapela de octavio roggiero neto às 7:55 PM | 0 poetas-leitores


domingo, maio 04, 2008

presença

para visualizar melhor, basta clicar na imagem.

Um dia, há menos de dois anos, estava folheando um dos poucos exemplares que ficou do livro “Canção à Terra Amanhecida”, o primeiro publicado por meu pai, e aconteceu que encontrei uma dedicatória feita por ele pra mim. Ela estava com data exata de um mês e um dia antes de sua morte. Publico-a aqui para registrar este momento tão marcante em minha vida.
Só um detalhe: “Gugu” era um de meus apelidos, quando menino.

Octavio Roggiero Júnior

levo a saudade comigo,
na tristeza e na alegria,
de ti, meu pai, meu amigo,
que o tempo não distancia.

da lapela de octavio roggiero neto às 12:14 AM | 2 poetas-leitores


sábado, maio 03, 2008

esboço do que seria

à memória de meu pai,
que há 12 anos me deixou
sua olivetti vermelha, esta da foto

um quarto noturno
e uma velha olivetti vermelha...
começaria assim este poema

desejo de participar
de outras molduras...

quantos outros estão por aí
meio que absortos, curiosos de tudo
vinculados ao luar
pela sensação indistinta de existir
e de estar acordado
enquanto a cidade aparentemente silencia

esta janela é de um suspiro tão profundo
que tenho a leve impressão
de ter sentido o olor das estrelas

escrever tarde assim
é como entorpecer-se de reticências

e o tec-telec-tec
nos intervalos das cismas...

assim começaria este poema:
um quarto noturno
e uma velha olivetti vermelha...

da lapela de octavio roggiero neto às 1:39 AM | 2 poetas-leitores