o cara de paisagem
mote
andar chutando o rasinho,
na praia, pra espairecer.
espraiar-se no caminho,
ser um grão no entardecer.
ando na praia, espraiando-me
numa leve impressão do que me ternura
passo a tomar nota de coisinhas à-toa
destino-me aos ventos sem destino
e me presenteio nuns momentos escrevendo
sigo sempre a esmo, lesmeando
assim delongo o caminho dando causa pro acaso
multiplicando a tarde até o indefinido
gosto quando o céu se tatua de nuvens sugestivas
mas o mais curioso é o destampar canetas pro inenarrável:
poeta é assim...
como a brisa com cheiro de longes
sei que é sutil o que nos acomete de amenidades
na verdade, sonhei somar-me dos outros
até me reconhecer somente como humanidade
na praia, imensifico-me
quando relembro minha estatura de grão
tudo nos conformes de qualquer forma
teimei teimei teimei
até que não consegui palavrear a paisagem
acabei me paisageando
precisava disso
por hoje é sol!
Mongaguá
verão de 2007
- Poema vencedor do Festival Poético Sesc Cornélio Procópio, realizado este ano, no Paraná, na comemoração de sua 25º edição.
andar chutando o rasinho,
na praia, pra espairecer.
espraiar-se no caminho,
ser um grão no entardecer.
ando na praia, espraiando-me
numa leve impressão do que me ternura
passo a tomar nota de coisinhas à-toa
destino-me aos ventos sem destino
e me presenteio nuns momentos escrevendo
sigo sempre a esmo, lesmeando
assim delongo o caminho dando causa pro acaso
multiplicando a tarde até o indefinido
gosto quando o céu se tatua de nuvens sugestivas
mas o mais curioso é o destampar canetas pro inenarrável:
poeta é assim...
como a brisa com cheiro de longes
sei que é sutil o que nos acomete de amenidades
na verdade, sonhei somar-me dos outros
até me reconhecer somente como humanidade
na praia, imensifico-me
quando relembro minha estatura de grão
tudo nos conformes de qualquer forma
teimei teimei teimei
até que não consegui palavrear a paisagem
acabei me paisageando
precisava disso
por hoje é sol!
Mongaguá
verão de 2007
- Poema vencedor do Festival Poético Sesc Cornélio Procópio, realizado este ano, no Paraná, na comemoração de sua 25º edição.
.
- Intrigante uma imagem que vi, tempos depois de ter escrito o cara de paisagem: os versos do poema, da forma como estão dispostos, retratam a marca das águas marítimas na praia, quando recuam.

Por hoje e por sempre, quando se fala em vc, o assunto é sol, meu querido poetamigo...
Poema paisageou muito bem a minha noite.
Feliz ano novo!
Um beijo.
Fui pro litoral tb...e quis escrever, porque o mar dá sede de criar, de imergir. Ainda não consegui expressar aquilo que passei..um pouco na minha última postagem..mto pouco do que significa ver..ahm...amar.
vc, imerso em cada elemento, deu um gostinho da poesia q só a natureza pode entender! (ou o contrário tb vale) gostei...
(sobre seu comentário em "preciso de um sopro":
o fim mais doce é esse incendiar... só discordo de que ele possa ser 'catastrófico'. Pra mim, a maior intenção desse texto é, sutilmente, arder)
abço!
Paisageada boa essa!!
Abs e feliz 2008, amigo primeiro!!
REMO.
poema de verão com tons primaveris.
senti o cheiro aqui.
bjo, irmão!
Parece que por aqui tudo é sol.
Lindo o poema. Seu espaço? eu o encontrei no essapalavra. Gostei muito.
Um abraço
Jacinta
Acho que nesses momentos é que somos realmente livres, felizes; tocamos o breve, instante terno e poético, desnudado de pretensões: por isso mesmo, imenso, eterniza-se em nós -- em sorriso, ou num belo poema, como o seu. Gostei dessa coisa de palavrear a paisagem e/ou paisagear-se. Muito bom! :)
Seu poema O Cara de Paisagem é simplesmente delicioso, leve como a espuma do mar, sereno como o fim da tarde, onde languidamente você caminhou conversando com seus passos. Muito lindo!!!
Postar um comentário
<< Home