passaremos. sim, passaremos.
e quão inexorável é o passamento, e veloz.
passaremos, então que nos amemos
enquanto é dia:
- calma, muita calma, não olhe agora,
mas a noite, a irreversível, nos espia.
pela multidão, pelo pedinte,
pela infância, pelas estações e pela vida,
estamos sempre de passagem
e de partida.
passaremos o ponto, a bola, a vez,
num passe-de-mágica, passaremos
de campeão a freguês.
pela passarada bem-humorada
que celebra o fim da madrugada,
passaremos, sem darmos conta, talvez,
mas passaremos.
e se assim é, então que nos amemos
enquanto é dia:
- calma, muita calma, não olhe agora,
mas a noite, a irreversível, nos espia.
dispersa-me para o mais distante, um vento:
o mais distante pensamento.
silêncio falante sussurrando no ouvido,
a íntima voz do desconhecido
segredando em boa hora:
sim, passaremos, então que nos amemos
enquanto é dia:
- calma, muita calma, não olhe agora,
mas a noite, a irreversível, nos espia.
- premiado com o 1º lugar do Concurso “V Prêmio Barueri de Literatura” - 2008